quinta-feira, 22 de julho de 2010

Jantar com o PR em Angola



Como é do conhecimento geral (ou não!), o Presidente da República Portuguesa encontra-se em visita oficial a Angola.


Ontem, depois de uma visita ao Lubango, Província da Huila, jantou e pernoitou na Província de Benguela, onde hoje continua a sua visita a locais de interesse, digamos, da visita oficial.


Na passada terça feira, recebi um convite do Governo Provincial de Benguela, através do Consulado Português para estar presente na recepção oficial e respectivo jantar com sua excelência o Senhor Presidente da República Portuguesa, Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva.
Claro que fiquei honrado com tal convite, afinal, não é todos os dias que temos a possibilidade de jantar com o representante máximo do nosso País, principalmente quando nos encontramos longe do mesmo. Devo dizer que foi um convite especial, que me permitiu durante algum tempo partilhar o espaço físico com o PR, claro que devidamente acompanhados por apenas mais cerca de 600 pessoas.


Mas, a minha preocupação começou logo na leitura do convite, de fácil leitura, rapidamente cheguei ao fim e a algo que dizia “Observações: Traje formal”. Pronto, começou a minha dor de cabeça. Tudo bem que já me encontro aqui há mais de 2 anos, já fui a vários jantares relativamente formais e com pessoas de destaque, a casamentos, mas nunca tive necessidade do traje formal, o que sabe bem são umas calças confortáveis, calçado com sapatinho de vela ou uns calções e chinelos. Agora, traje formal?


Pois é, lá tive de ir a uma cadeia de lojas de vestuário conhecida em todo mundo com o nome “chineses” ver se encontrava o traje formal. Felizmente, dada a enorme cadeia existente, apenas tive de descer as escadas do prédio onde vivo, e lá estava uma, disponível. Após experimentar 3 fatos, lá encontrei um que me agradava, acompanhado pela respectiva gravata. Mas depois, faltavam os sapatos, nada de preocupante, foi uma questão de me dirigir à prateleira correcta dentro do mesmo estabelecimento e já está! Passagem pela caixa e conta apresentada, 30.000 kwanzas, sinceramente, não achei caro, em Portugal pagaria mais! Entretanto devem estar a perguntar “então e a camisa?”, essa já tinha vinda directamente de Portugal à 2 anos, e que pela primeira vez, foi utilizada!


Vestido desta maneira “formal”, apresentei-me no Lobito para a referida recepção e jantar à hora designada, 19,30h. Após 1 hora de espera lá chegou o Sr. PR, acompanhado do Governador de Benguela, Ministros Angolanos e um conjunto de individualidades portuguesas que não perdem esta oportunidade para acompanhar o PR, e a estabelecer contactos para possíveis parecerias e investimentos, nomeadamente entre eles próprios, porque foram colocados em mesas previamente reservadas para eles, de onde se levantaram para se dirigirem directamente ao autocarro e irem dormir (alguns).

O jantar em si, consistiu em Caldeirada de Borrego, Bacalhau com natas e Garopa à portuguesa, por sinal, e tirando o facto de estar frio, estava apetitoso. Claro que eu, desejoso de comer um bacalhau com natas que já não provo à uns meses, fui logo até a uns dos locais de buffet e servi-me de… garopa!!! (O bacalhau com natas esgotou na pessoa que estava à minha frente, que nervos).


Às 22,30 o PR retirou-se, e com bastante delicadeza, fez questão de me cumprimentar com um sonoro “Boa noite”. Um aperto de mão, forte como um bloco de manteiga. Até compreendo, coitado, já deve ter cumprimentado mais de 1000 pessoas nestes últimos dias e ainda está sujeito a ganhar alguma doença profissional nos dedos!


Mas, não posso terminar sem dizer verdadeiramente, que foi com imenso prazer que fui a esta recepção ao PR, que nas suas palavras, manifestou o seu apoio aos muitos portugueses que se encontram a trabalhar em terras de Angola. Deixo por isso o meu muito obrigado pela sua visita, e até um dia!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

CARNAVAL BAIA FARTA (BENGUELA)

Carnaval diferente, com calor, tipicamente africano, que se nota pelas suas vestimentas, no entanto, com alguma influência brasileira, como poderão verificar pelas fotos de alguns dos reis de cada bloco, e ainda pela demonstração da "capoeira"... Diferente, mas muito animado e muito bonito... e pensar que estas pessoas viveram 50 anos em guerra e que vivem em paz há cerca de 10 anos... é de dar os maiores parabéns...
























sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

BENGUELA

Para falar de Benguela não poderia deixar de referir que é conhecida também por cidade das acácias rubras. Este “nome” surge derivado ao facto de existirem em tempos uma quantidade significativa de acácias que, quando entravam em flor, esta tinha uma cor avermelhada, tendo sido essa a origem das acácias rubras. Actualmente ainda podemos assistir a esse espectáculo em alguns dos jardins existentes no interior da cidade.
Benguela, é a segunda cidade de Angola, quer pela sua razoável dimensão, quer pela importância geográfica no país. No entanto, o que mais realça aos olhos de um estrangeiro que visita ou vem para Benguela exercer a sua profissional é o seu planeamento urbanístico, geométrico, com quarteirões bem definidos o que facilita imenso a circulação e o conhecimento da cidade. Um exemplo de como tratar urbanisticamente uma cidade, e não posso deixar de realçar que este trabalho foi efectuado por antigos colonizadores oriundos de Portugal, que souberam implementar em Angola há muitas décadas atrás, algo que ainda hoje muitos não sabem fazer em Portugal. Para verificar esse facto, basta irem ao GoogleEarth e darem uma vista de olhos. O tipo de construção utilizada, e deixando para trás os bairros dos subúrbios de Benguela, foi também perfeitamente estudada, tendo na proximidade da praia, habitações de rés do chão, nomeadamente vivendas ficando os prédios que chegam a atingir os 6 andares para a zona mais interior da cidade. Nota-se portanto, que existiu a preocupação de proteger a zona franca da cidade, com a utilização de habitações que não provocassem um choque visual a quem visitasse a cidade. O local mais frequentado é, como não poderia deixar de ser á semelhança de muitas cidades por esse mundo fora, a praia de Benguela, conhecida como Praia Morena. Tem uma extensão bastante considerável, tendo junto a si um “calçadão” onde todos os dias se reúnem bastantes grupos de jovens para conversar, beber e divertir. A presença de pessoas a praticar desporto nesta área é também bastante visível, praticando atletismo ou simplesmente caminhando. Na praia, existe também um campo de voleibol de praia onde por vezes se assistem a alguns jogos interessantes disputados por grupos de amigos que aproveitam os finais de tarde por serem um pouco menos quentes, para dar ares da sua graça. Não tenho dúvida que existem por cá alguns executantes que dariam que falar. Mar adentro, são ainda visíveis alguns suportes do que terá sido em tempos um passadiço onde algumas pessoas atracavam os seus barcos de recreio.
Do lado contrário á praia, verificamos a existência de edifício governamentais, nomeadamente o Palácio do Governador, escolas, que mesmo com poucas condições, vão funcionando na medida do possível. Alguns palacetes e casas mais requintadas, actualmente em ruínas devem ter feito desta avenida o ex-líbris de Benguela.
Deixando este espaço de lazer e indo um pouco mais para o interior, encontramos o espaço de negócios. Um dos exemplos que os colonizadores deixaram por todo o país, foram os mercados municipais, todos com o mesmo tipo de arquitectura, e que se pode dizer, actualmente moderna. A existência de alguns hotéis, comércios, cafés e restaurantes, já começa a ter algum significado, o que mostra bem o desenvolvimento que tem havido neste país em escassos nove anos de paz. Bem, de maneira a não tornar os posts demasiados cansativos para os leitores, vou ficar por aqui, com a promessa de que não vai voltar a haver um período de tempo tão longo até ao próximo…
Já agora, a todos um bom ano de 2010!!!