quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A chegada

Meus amigos,

Sendo assim, gostaria de dar inicio ao que eu espero seja do vosso agrado, a experiência de um Português por terras africanas.

Estando em Angola desde Abril de 2008, já passei por várias experiências, umas mais enriquecedoras, outras mais tristes e outras simplesmente únicas.

Angola, é daqueles locais que, ou ama, ou se detesta. A chegada a um país como Angola apanhamos vários choques, de natureza fisica e mental.

De natureza fisica, tem a ver essencialmente com o clima e com a alimentação, ao nivel mental, com a cultura, o modo de vida, diferentes realidades que se observam e que chocam ao primeiro olhar sobre um país que ainda tem imensas necessidades.

No entanto, passado esse impacto inical, passamos a ver um país de alegria, onde se vive o hoje sem pensar no amanha, no fundo, um país onde se vive!!!

Ao sair do avião no Aeroporto de Luanda pela primeira vez, apanhamos com aquele calor quase insuportável para uma pessoa habituada a um clima ameno, que por momentos, se torna dificil de respirar.

Quando se sai do Aeroporto para a cidade, damos de caras com um trânsito sem rei nem roque, onde o que conta é a lei do desenrasca, fruto de um crescimento desenfreado do parque automóvel que as infraestruturas não acompanharam. Curiosamente, esse parque automóvel vai um pouco de encontro ao que se passa neste país de contrastes, encontramos viaturas novas de topo de gama em conjunto com carros que andam "seguros por arames". Os táxis caracteristicos de Angola, também alcunhados de "candongueiros", circulam em grande numero, tentando furar pela confusão de trânsito que se acumula nas avenidas e ruas por onde se pretende circular, não havendo respeito pelas mais básicas leis da prioridade rodoviária. Assustador? Talvez um pouco, mas é fruto de um desenvolvimento ainda não totalmente sustentado, mas que a pouco se vai constatando que virá a ter esse controlo. Com o passar do tempo, nós mesmos nos habituamos a essa anarquia automóvel e passamos a "cumprir" as mesmas regras. São as consequências das necessidades básicas de deslocação numa cidade projectada para 800 mil habitantes e que conta com cerca de 5 milhões. Obviamente que os tempos conturbados que viveram durante 4 décadas não ajudaram a melhorar em nada as condições de vida de um povo que teve de "se safar" de qualquer modo, e o que é certo, é que conseguiram! Como já um estimado amigo angolano me disse uma vez, no final de uma longa noite de conversa, "Passamos por duas guerras a dançar, somos felizes e vivemos a vida".

Meus amigos, por hoje é tudo. Muito ainda se encontra por escrever e este post é apenas aquilo a que se assiste nas primeiras horas de permanência em Angola. Por isso imaginem o que virá ainda para contar...

Para reflectir deixo uma vez mais essa frase desse meu companheiro angolano

"Passámos por 2 guerras a dançar, somos felizes e vivemos a vida."

E será que não estão correctos?

2 comentários:

  1. Nunca estive em Angola, mas conheço bem essas sensações de São Tomé e Príncipe. África ...

    Cumprimentos

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  2. Estamos à espera das tuas crónicas de África.

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